segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Paciência

acorrentada àquela
piscina impura,
ele cuspia:
"porca, maldita!";
o tubo no fundo
azul sujo da água
zombando dos
hematomas, da
sodomia.

quintal de gomorra,
saíam sons debaixo
da superfície,
sussurros de
tortura que
enforcavam mais
que a coleira
de metal.

-justine
Hoje venho aqui expressar algo que acredito muitos de vocês já sentiram e sentirão de novo, infelizmente. Estou realmente chocado. É vergonha, vergonha de atitudes que andei presenciando e que me fazem quase arrancar os cabelos.

Que a política é reino da corrupção e do nepotismo é lugar-comum nos tablóides de hoje. A ética foi abandonada há muito nas altas esferas, que esbanjam discursos ideológicos vazios apenas para ocultar manchas da mais mesquinha falta de cidadania. Cidadania. Tantas denúncias e escândalos se tornam dia-a-dia e o povo balança a cabeça, reprovador.

Mas é só eu virar as costas e o que vejo? A falta de ética e a mesquinharia bem aqui, debaixo dos nossos narizes. Logo ali à esquina, pode-se ver, sem grandes disfarces, a mesma história sendo repetida em escalas menores, pelos ditos cidadãos inconformados.

Hoje vi crianças sendo mal-tratadas, sendo tratadas como se fossem gordas ou judias.
Hoje vi doces roubados, sem respeito aos donos.
Hoje vi valentões, atirando sal nas crianças, enquanto a menos de um quilômetro alguém desmaia de pressão baixa por falta desse mesmo sal...

Que vergonha, e digo mais: que vergonha. Não consigo ver orgulho nisso, mas tem gente ali com uma tremenda pose de malandro. E o pior: nem percebem as conseqüências do que fazem...

Quando vai chegar a hora em que deixarão de lado esse individualismo neandertal? Não estamos já no século XXI? Não passamos já por guerras e desastres o suficiente?

Quando vai chegar enfim o dia em que valores como Ética e Cidadania serão algo mais do que palavras?

Eu não tenho a resposta. Só o tempo dirá.
Tempo que, como o doce roubado, não resta muito.

-Duppont

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

carizíssimo conselho de robustos, robustas!
é chegada a hora, a hora absurda
feita ela de mil pedaços de outras horas:
a barragem se rompeu:
o movimento inunda as entranhas do sistema
e as bandeiras vermelhas flamulam nos esgotos:
é o metrô servindo à revolução!
os tubos de alimentação da cidade agora estouram vermelhos:
veias rubras do organismo-Estado inflamando chamas de vendetta
escondidos, nós e as dinamites
e quando ninguém estiver por perto
a senha será:
tubo vermelho.

-vlad

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Castidade

Aponta uma arma
pro meu entre-coxas
como se não fosse
além de um tubo
vermelho e oco
com paredes de
nervo e carne
enquanto as
lágrimas de
sangue se
juntam ao
suor perto
da boca, o
batom que me
resta quando os outros
vão embora e eu fico na relva
esperando a próxima leva.

-justine

domingo, 15 de novembro de 2009